sábado, 31 de janeiro de 2015

filha do Rap

Tenho algo ousado (para alguns) a dizer:

Me criei na rua e o rap foi meu pai.
É isso mesmo !

"Meu conceito é de rua
Tentaram mudar minha mente
Manipular minha gente
Defendo minha conduta como deus defende o crente"

Alguns conceitos que a gente vai formando na infância junto com a personalidade, por meio de introjeção, fiz na escola de música com a mais forte filosofia de vida: o rap.
Conceitos como o de respeito e fidelidade eu não podia ter aprendido de melhor maneira.
Gosto de pensar que se você faz um amigo no rap, assim será para toda uma vida.
Isso explica, talvez, a minha rigidez nas minhas condutas, minha intolerância com a alienação e minha revolta com outras questões..

Ser filho do RAP é uma faca de dois gumes (afiada para os dois lados). Ora você se sente forte por ter princípios em que se basear, ora se sente fraco por se encontrar à margem de uma sociedade alienada e junto a uma minoria sofre julgamentos precipitados, tendo seus princípios desvalidados.

Costumo dizer que você não escolhe escutar RAP. 
O RAP escolhe você.
É como querer ler um livr com um conteúdo o qual você não se identifica. Seria uma leitura maçante e sem proveito. Já falei num texto do blog que ninguém se da ao luxo de escolher o autor que vai ler.
Com a música não é diferente. A junção de ritmo é um composto que deseja passar uma mensagem. Se o ritmo não te atrai e a letra não te toca, nada temos a fazer.
O RAP é identificação. Empatia. Simpatia.

Se o rap te escolheu você está fadado e viver com ele e morrer por ele.

terça-feira, 27 de janeiro de 2015

Cisne Negro - Pela Gestalt Terapia



Analise do filme “Cisne Negro” (2011), de Darren Aronofsky, amarrando os conceitos e filosofias de base da Gestalt-Terapia.
Nina (Natalie Portman) é uma jovem bailarina de 28 anos e tem uma extrema dedicação e disciplina em busca de perfeição e destaque no mundo do balé. Na primeira cena do filme, a personagem principal, Nina, aparece sonhando que está dançando "O Lago dos Cisnes", no papel de Cisne Branco. De repente, aparece o Cisne Negro, as duas começam a dançar em forma de batalha, e em seguida o Cisne Negro some, permanecendo o Cisne Branco em cena. Como dito anteriormente, a Gestalt-terapia trabalha bastante com polaridade, que são fragmentos do self, polaridades não aceitas que precisam ser trazidas para a awareness. Muitas vezes, esse polo que está fragmentado pode ser trazido em sonho, sendo assim um caminho para integração.
Ao acordar, Nina vai contar para sua mãe sobre o sonho. Sua mãe, ex-bailarina e solitária, se dedica integralmente ao cuidado da filha, fazendo com que treine excessivamente. A mãe é muito confluente com a filha, a tratando como se fosse um bebê ainda e invadindo constantemente a fronteira de contato da filha. A confluência na Gestalt-Terapia ocorre quando as fronteiras de contato são difusas, não havendo separação entre os envolvidos. Ao mesmo tempo, também não há contato nem satisfação. A mãe de Nina não a reconhece como uma pessoa e tampouco a permite viver sua vida de forma inteira. O jeito que se refere à filha durante o filme é chamando-a de "doce menina". Afirma: "você é menina doce e meiga", "pessoas desconhecidas são perigosas, fique só com a mamãe", “você é culpada pelo meu fracasso, pois abandonei minha carreira para me dedicar a você”.
Além da confluência, pode-se verificar na relação da mãe com Nina a imposição de muitos introjetos. Um introjeto é um enunciado ou objeto que é aceito sem uma assimilação do conteúdo. Nina introjeta enunciados da mãe e exclui de seu contato outras possibilidades de ser. Isso fez com que Nina introjetasse (engolisse, sem
mastigar) esse lado puro, doce e virginal, descartando sua sexualidade, feminilidade e agressividade.
Para Zinker (2007), uma autoimagem patológica, constitui-se de maneira estereotipada, cristalizada e unilateral, em que o indivíduo se permite e se reconhece apenas como uma coisa, e nunca como outra. Caracteriza-se por uma awareness pobre, além de autoconhecimento e percepção limitados diante da multiplicidade de forças e sentimentos internos, carecendo, assim, de fluidez e amplitude.
Na companhia de balé onde treina, o diretor está escolhendo uma nova protagonista para dançar a Rainha Cisne na remontagem do Lago dos Cisnes, um papel que todas as bailarinas sempre quiseram representar. Ele queria uma pessoa que pudesse representar os dois papéis: o Cisne Branco e o Cisne Negro. Nina, com medo de não ser escolhida, foi falar com o diretor sobre o papel. O diretor disse que, se fosse para ela representar somente o Cisne Branco, Nina era, sem dúvida, perfeita.
A Rainha Cisne deve personificar Odette, o Cisne Branco que é pura, virginal, metódica, e Odile, o Cisne Negro que é livre, sensual, feiticeira, que seduz o príncipe apaixonado por Odette. Ele acha que Nina não conseguirá representar o Cisne Negro, por não possuir essas características, sugerindo que ela se soltasse e se entregasse mais. Ao final da conversa, o diretor dá um beijo na Nina; de surpresa ela se retira da sala. O Diretor percebeu claramente a polarização existente na vida de Nina. Ela não é autorizada pela mãe, com quem conflui a vivenciar as polaridades de Odile, e não tem suporte próprio para fazê-lo por si mesma.
Ao sair o resultado, Nina fica sabendo que ganhou o papel, liga para sua mãe para avisar, e quando chega em casa sua mãe não está. Quando sua mãe chega, ela está com um bolo em sua mão e fala que esse é bolo preferido delas. Nina se recusa comer. Nessa cena podemos observar mais a relação da mãe com a filha: quando Nina recusou o bolo, sua mãe queria jogar o bolo todo fora.
Nina que é dócil, e não queria chatear a mãe diz que não e lambe a mão da mãe cheia de bolo. Nessa cena, podemos ver claramente que o bloqueio de contato mais evidente de Nina é a introjeção em que o outro existe, ela não. Pessoas com esse tipo de bloqueio não conseguem liberar sua agressividade ao meio e acabam se auto-agredindo. Ela se fere, coçando a pele das costas até sangrar, e também machuca os pés, exagerando nos exercícios. Aliás, não é à toa que ela tem problemas na pele: a pele é a principal fronteira de contato corporal, a que define os contornos da nossa individualidade. O que está dentro da pele é o eu, o que está fora da pele é o não-eu. A energia agressiva que seria boa para destruir o introjeto (mastigar) é voltada para si mesma. Este movimento na Gestalt-Terapia é a reflexão, quando a pessoa faz a ela mesma o que gostaria de fazer ao meio.
Ao começarem os ensaios para a peça, como era esperado pelo diretor, Nina dança bem a parte da atuação do Cisne Branco, e não consegue mostrar o lado sensual e
sedutor do Cisne Negro. Em vários ensaios, sempre a mesma coisa. Então, o diretor a chama para conversar e pede para que ela se solte se entregue, mostre sua sensualidade, e sugere que ela se masturbe (busca fazê-la mais uma introjeção), mas ela não consegue porque sua mãe está no quarto.
Ao não conseguir ser o que diretor quer que ela seja e ao mesmo tempo fazer o que sua mãe quer que são duas polaridade opostas, Nina começa a se desestabilizar: como fazer o que diretor quer? Como ser a menininha a mamãe?
Como abordado no tópico de polaridade: a base do conflito Nina não consegue caminhar na sua própria awareness. Precisa seguir dois scripts para fazer os dois papéis, e nenhum deles está integrado de maneira consciente (aware).
Para que ela consiga dançar o Cisne Negro ela precisa se libertar dos desejos da mãe e entrar mais em contato consigo mesma. Isso gera muita angústia. Uma cena que demonstra essa angústia é sua visita à antiga bailarina que foi dispensada e tentou suicídio. Mesmo sabendo que não era sua culpa, Nina não consegue pensar assim. Isso está ligado com sua gestalt aberta, com relação sua mãe.
Lily, outra bailarina, começou a se aproximar de Nina, mas ao mesmo tempo ela é sua rival, por ser substituta de Nina se algo acontecer. Lily é mostrada como a bailarina perfeita para dançar a Rainha Cisne, por conseguir fazer ambos os papéis com muita suavidade e naturalidade. Com isso, Nina começa a fazer projeções a Lily. Nina projeta seu lado sombrio, aspecto que ela desconhece em si mesma, em Lily. Ao analisar o filme, pode-se perceber que Lily tinha uma personalidade mais integrada e fluida. Entretanto, Nina projeta em Lily as características de Odele, características essas que lhe fazem falta.
Com a proximidade com Lily, Nina começa a se soltar e mostrar um pouco sua agressividade. Sai de casa para ir dançar com Lily, mesmo contra a vontade de sua mãe. Na boate ela conhece alguns rapazes, e Lily estimula ela a se drogar. As drogas podem ter sido um catalizador do surto apresentado por Nina nas cenas seguintes, por haverem possibilitado que ela experimentasse (mesmo que através de uma alucinação) partes suas que não tinha suporte ainda para vivenciar.
Fazendo que não soubesse mais o que era real ou não, no dia seguinte não tinha certeza se tinha ido para cama com Lily ou se havia sido um sonho.
O Lado sombrio (sombra, conceito de Jung) começa a invadir. Ela está com o self totalmente fragmentado. Nesse momento, Nina começa a ter surtos psicóticos,
delírios e alucinações que, através do conceito de auto-regulação e ajustamento criativo, podemos entender que esta era a melhor coisa que Nina podia fazer para manter-se viva.
Na noite anterior à apresentação Nina chega em sua casa, e começa a ter várias alucinações e delírios. Ela vê a si mesma morta, com sangue, e os desenhos da mãe se mexendo. Sua mãe aparece e tenta contê-la, mas ela tenta se trancar no quarto, e, ao olhar no espelho, se vê com os olhos vermelhos, e em seu machucado nas costas, nascem penas pretas. A agressividade aqui não é integrada e assimilada ao todo que ela é, mas é dissociada em forma de alucinação.
Sua mãe consegue contê-la e ela adormece. Quando acorda, sua mãe fala que ligou para a companhia e disse que ela não iria fazer apresentação de abertura por estar doente. Mas, mesmo assim, Nina, manifestando sua vontade, vai.
Chega ao teatro, se arruma e faz a primeira parte da apresentação, em que era o Cisne Branco. Nessa cena podemos ver que Nina começa a integrar a polaridade do Cisne Negro, porque ao dançar o Cisne Branco ela até erra um passo e cai.
Quando volta ao camarim, vê Lily se maquiando como Cisne Negro (uma alucinação), e a ataca. Acreditando que tinha matado Lily, a esconde dentro do guarda-roupa, e se veste de Cisne Negro. Vai fazer sua apresentação e, pouco antes de entrar no palco, dá um beijo ferozmente no diretor. Faz uma apresentação belíssima e perfeita do Cisne Negro.
Quando está voltando ao camarim vê Lily, e acha estranho que ela esteja se trocando para fazer a última tomada com Cisne Branco. Percebe então que não tinha machucado Lily e sim ela própria. Aqui pode-se fazer a seguinte analise: o fato de haver tentado matar Lily pode ser relacionado com a tentativa de aniquilar a polaridade, com característica de Odile. Um desejo tão forte de ser somente boa que termina na retroflexão da raiva e agressividade a si mesma, quando por alguns segundos pode experimentar características não aceitas pela mãe (que é o seu suporte).
Podemos observar que o bloqueio de contato nesse momento é retroflexão. Não houve ninguém no seu campo de relações que pudesse apoiar o seu desenvolvimento emocional, apenas pessoas narcisistas (a mãe e o professor) que a transformaram em um objeto, que satisfazia a eles próprios e seus desejos. E a Nina, que não teve estrutura física e emocional para aguentar, restou à fuga (para a psicose e para a morte).
Assim, Nina, sem haver resolvido confirmação em suas relações, não desenvolveu ela própria força para manter-se na experiência de vivenciar o lado "obscuro", matando essa possibilidade e, com isso, matando ela mesma.
Aqui podemos retornar à visão de mundo e de pessoa da Gestalt- Terapia, em que o homem é um todo.


Por: Psicólogo - José Wellington Molina Prata

Eneagrama - Estudo de Personalidade

A palavra Eneagrama tem origem no grego e significa nove pontos.

O eneagrama foi idealizado originalmente por Don Richard Riso e posterior colaboração de Russ Hudson.

O psiquiatra Claudio Naranjo e outros participantes deste grupo transmitem este conhecimento, da maneira que conhecemos hoje.

O que era uma tradição oral virou um diagrama elaborado com fluxos de flechas apontando para os pontos de stress e, no sentido inverso à flecha, de neutralização do vício emocional. Diversos estudos e escolas de Eneagrama surgiram e passaram a explorar este conhecimento antigo e desenvolvendo aplicações bem sucedidas na Psicologia, na Espiritualidade, no mundo dos negócios, nas artes e em diversos outros campos do conhecimento.

 Enfim..

O Eneagrama é um sistema utilizado para ajudar as pessoas a se conhecerem melhor e, assim, possibilitar-se trabalhar aqueles aspectos que atrapalham sua vida e a de outras pessoas. Cada um dos 9 pontos representa um grupo básico de pessoas, com suas características, atitudes, formas de atuar e motivações, que são em bom grau semelhantes dentro de cada grupo. Assim, o Eneagrama ajuda, de forma consciente, a compreender que as pessoas de cada grupo são bastante parecidas, vendo a vida e o mundo sob o filtro de seu próprio tipo. Da mesma forma ensina que cada tipo tem dificuldades de compreender a aceitar a visão dos outros tipos. O reconhecimento de que as pessoas têm diferentes percepções sobre a realidade, que é vista egoicamente de forma subjetiva, certamente fornece uma significativa ajuda aos relacionamentos interpessoais.

No entanto, a partir de uma certa idade o homem precisa aprender certas coisas sobre a vida, necessárias à sua defesa e sobre sua essência. Aí surge o que é denominado de falsa personalidade ou ego. São características individuais adquiridas, as quais se diferenciam de conformidade com vários fatores externos, principalmente a leitura da criança sobre "como seus pais a vêem e como gostariam que fosse". Trata-se de uma estratégia desenvolvida pela criança para agradar aos pais e autoproteger-se, mas que acaba se tornando compulsiva, dominando-a e ditando seu comportamento, sob as benesses do automatismo e da inconsciência.

Segundo esta visão o Ser Humano vive em 2 níveis; um das aparências e o outro da realidade. Há que se separar do primeiro, que não é confiável, para reconectar-se com o segundo. Quando se entende melhor a própria personalidade adquire-se mais liberdade. Não se pode prescindir da personalidade, mas combater seu exagero. Ao permanecer apenas no ego o homem não sai da sua condição de máquina. De fato, sob o domínio do ego, perde-se de vista uma consciência que se conheceu um dia. Cada um está dormindo enquanto egóico, segundo ensinam as tradições esotéricas, mas acham que estão plenamente conscientes e despertos.

Cada tipo egóico  tem seu centro de ação. Três tipos são intuitivamente mais fortes, três outros tipos são sentimentalmente movidos e os outros três tipos são mentalmente regidos. De acordo com o sentido das flechas (que ilustra esta dinâmica energética), são apontados aonde cada ego cresce ou cada ego se torna mais primitivo exacerbando as suas cacterísticas de defesa.
 


A primeira imagem ilustra o sentido em que cada tipo necessita caminhar pra seu crescimento pessoal, e à margem da imagem, está a divisão das tríades de acordo com seu ponto mais forte:

- Mental

- Emocional

- Intuitivo

Cada tipo também possui o seu centro principal, secundário e reprimido, de ação. Por exemplo:

Ego 1 - Exigente e perfeccionista

Centro principal - instintivo

Centro secundário - emocional

Centro reprimido - mental

As virtudes de cada tipo egóico representam o polo das suas características regentes, de ação. O ponto que necessita ser trabalhado para desenvolver-se com inteireza.

Um outro conceito importante considerado pelo Eneagrama é o de que o homem deve estar alinhado ou com seus centros ou inteligências em equilíbrio para que possa desenvolver-se. No Ser Humano em desarmonia observa-se a predominância da função de um centro sobre as dos demais. O homem físico é aquele no qual a função intintiva-motora prevalece sobre as demais. No homem emocional os sentimentos é que tomam a frente e, no homem intelectual, a função do pensamento é que prevalece. Assim, os trabalhos de enquadramento, observação e mudança preconizados por este sistema enfocam os 3 centros ou inteligências mencionadas e cria a possibilidade, após o equilíbrio, de que o homem acesse seus centros superiores ou utilize melhor seus recursos internos.

A idéia central do Eneagrama é que as pessoas de cada um dos 9 grupos têm uma característica específica dominante ou um traço negativo principal, que é o suporte dos demais, o qual precisa ser descoberto para que se possa desindentificar-se dele. Este traço, também denominado defeito principal, é difícil de ser reconhecido por estar muitas vezes maquiado por aparentes qualidades. Contudo, com o desmonte desta viga principal, toda estrutura egóica poderá ruir. É importante atentar-se também para o fato de que cada um tende a privilegiar os aspectos de sua vida onde é perito, perpetuando inconscientemente sua condição de prisioneiro da mecanicidade, rigidez e comodidade.

Um site bom para mais pesquisas (e de onde tirei grande parte do que escrevi):

www.cursosdoeneagrama.com.br

É o site administrado pelo professor que esteve aqui este fim de semana, e deu o curso dos subtipos egóicos (que pode ser tema de algum outro post).

Essa reciclagem pessoal deve ser constante. Quem entra no caminho do auto conhecimento está fadado a crescer continuamente. Pois quando se tem um conhecimento, se tornas responsável
por ele.

Bukowskiano.




Esses dias na internet li um testículo desses melosos e chatinhos que passava uma mensagem mais ou menos assim:
'' O garoto perfeito não precisa ler meus pensamentos;
não precisa saber meus sabores preferidos;
nem perceber cada vez que corto as pontinhas do meu cabelo;
Não precisa ter carrão, ler Bukowski e nem ser o mais inteligente da escola.
Basta me aceitar como eu sou. Complicada e perfeitinha "

Meu primeiro pensamento foi 'ainda bem que não tenho nada na barriga agora'.

Vou iniciar essa espécie de protesto expondo minha #&¨%$.
A minha pergunta/afirmação é:
Essa garota já leu algum meio poema de Bukowski sequer ?
E já tomo a liberdade de dizer que NÃO !

Não precisa ter grande intimidade com seus textos para saber o quanto sua literatura é suja, negativa, pessimista, depressiva, erótica, depravada, esculachada, escrachada, debochada, irônica, invasiva, incoveniente e descreve a pura desilusão que é viver.
Essa merda toda é pra quem se identifica.
Não é pra qualquer um. Ninguém simplesmente se envolve com infernos por achar divertido ou atraente. Não é mera novidade. Digo 'envolvimento' como aquilo que te desperta algo e te atrai, te puxa sutilmente pra perto.
É assim com as vibrações do submundo. Vibração é vínculo. Ninguém se vincula ao obscuro sem conhecer dores e pecados de bem perto. É submissão, uma espécie de entrega. Entende ?
Certas coisas só servem pra quem sofre. Dor não vira moda. Esse é um padrão de que apenas se foge, não se busca.
Ninguém veste a camisa da desgraça por que todos estão usando. Achar por aí (dentre todos esses lixos que vagam pela internet) um nome de dificil escrita é bem atrativo, realmente, pra passar uma impressão intelectual que não existe. Falar de Bukowski não é como falar de Clarice Lispector e Caio F. de Abreu (tidos como abusadinhos e irreverentes).

Quem se identifica (no sentido de se incluir, se dar como pertencente) ao submundo, ao sombrio, ao desamparo, desestímulo, desespero, desamor, ao oculto, ao desprezo, descaso, esquecimento, solidão, descuido, esquecimento, abandono, derrota, perda de si, à perda de consciência e à deriva da vida. Á derrota, frustração, carência, melancolia, raiva, fuga e promiscuidade.. não se dá ao luxo de escolher o autor que vai ler.
Quem se entrega à infelicidade e abusa de todo seu amplo poder, não se dá ao luxo de escolher o tipo de porcaria que gosta de ler.

Te apeteces do que te pertence. Desde quando se escolhe do que se gosta ?

Ler é uma atividade que demanda entrega mútua. O autor te oferece suas experiências e sentimentos. Você recebe suas experiências com todo seu sentimento. Isso só acontece porque de alguma forma o que ele te deu já é seu.
Pra ser honesta eu me senti bem invadida pela ignorância da autora desse textinho. Meu inferno particular foi banalizado.